Pra escrever esse post eu contei com a super ajuda da Geisa Santos!
Desde criança aprendemos que vírus não são muito legais. Eles tiram nossa saúde, nos deixam com febre e nariz escorrendo… a única vantagem em contrair um vírus era não precisar ir para a escola!
Durante minha vida, tenho escutado várias pessoas dizerem: ” – ihhhhhh, tá com virose” para explicar quando alguém está com diarréia, febre, vômito, enjoo, dor muscular, dor na barriga, dor de cabeça, dor nos olhos tudo ao mesmo tempo… e as vezes a doença passa sem que sequer saibamos que “vírus foi esse”.
No início da era da computação, receber um vírus de computador era algo bastante assustador, e ainda é, principalmente pra quem usa softwares proprietários! Tínhamos que ter um software de proteção, o tal de anti-vírus – para evitar que as máquinas fossem “infectadas” e os nossos arquivos danificados… a “virose” em um computador poderia ser uma grande tragédia para o dono da máquina, mas renderia um bom dinheiro para o técnico que iria fazer o reparo, com a diferença de que estes sabiam exatamente o nome de cada vírus que aparecia!
Como sou ativista e usuária do software livre, esse negócio de vírus de computador me assusta bem menos (não to falando de exploits, que são um tipo de códigos espiões, porque esses me assustam), mas o bacana de usar software livre é que os sistemas operacionais livres são testados atualizados constantemente por várias comunidades de todo o mundo. Além disso, são tantas opções de sistema operacional que é trabalhoso desenvolver um vírus para cada uma delas. Então, quer ter alguma paz de espírito digital? Vem para o universo do software livre!
Bem, continuando, então já fazia um bom tempo que não me preocupava muito com os tais vírus de computador, até que um dia comecei a ouvir por aí: ” – Virou viral!” E o que é isso?
Com a popularização da internet e toda as conexões possíveis através de redes sociais digitais, a ideia de viralizar virou mesmo uma febre! Viralizar é fazer um conteúdo se espalhar muito rapidamente pela internet, pelas redes sociais, pelos mensageiros instantâneos: isso significa que aquele conteúdo foi altamente reconhecido, e por isso foi compartilhado. Pode ser um vídeo, uma imagem, um áudio, um texto! Quando a ideia veiculada se torna muito conhecida, muito comentada, é chamada de viral porque “contamina” as pessoas e elas repassam essa ideia através de suas redes sociais, sejam elas digitais ou não.
Podemos observar um monte de gente querendo mostrar o que faz na web, ou querendo vender um produto ou defender uma ideia. Nesse casos, o viral virou uma estratégia de divulgação e de marketing, uma forma de fazer sucesso, por isso tem um monte de gente querendo viralizar!
Virais vão além da web, mas são segmentados
Muitos virais começam pelas redes sociais, e não ficam mais apenas na internet!
As tecnologias hoje convergem, seja por rádio, TV, smartfones, computadores e (às vezes geladeiras e cafeteiras) quase tudo pode ser conectado por plataformas ou ambientes onde as pessoas acessam conteúdos de vários tipos, compartilhando, comentando, remixando…
A convergência tecnológica faz com que alguns virais apareçam nas redes sociais, mas também na TV, na Rádio, foi assim com o “gemidão do whatsup”. Era o gemido de uma atriz de filmes pornôs, compartilhado como arquivo de áudio. Antes, o que circulava era o vídeo da cena de sexo, até que alguém resolveu separar o áudio e enviar como para alguns conhecidos, como um tipo de pegadinha. Muitas pessoas caíram nessa brincadeira, inclusive gente famosa, gente conhecida. Mas veja, o vídeo pornô não foi feito para whatsup, o áudio do vídeo viralizou pelo efeito debochado e pelas situações constrangedoras que viravam piada depois.
Eu só fui conhecer o gemidão (e de um monte de outros virais) quando noticiado em rádio. Depois fiquei sabendo de um monte de gente à minha volta que tinha recebido e compartilhado o tal gemidão. Eu me senti a pessoa mais desplugada do universo e também a mais sem graça, porque ninguém tinha mandado o gemidão pra mim!
Isso mostra que mesmo que um viral tenha cem mil ou Um milhão de compartilhamentos, ele se alastra de forma segmentada. Existem virais próprios de cada rede social. Tem virais no snapchat, virais do whatsup, do Telegram, do youtube, do instagram. E há também uma regionalidade, uma territorialidade porque virais são produções culturais, ou seja, são criados e compartilhados de acordo com o contexto cultural no qual tem significado. Por isso, algum conteúdo que é viral no Japão, pode não ser viral no Brasil e vice-versa, na mesma época, ao mesmo tempo e com o mesmo alcance. Inclusive dentro do próprio país em que o viral surgiu há diferentes alcances entre os segmentos sociais, grupos etários, etc.
Vários especialistas em redes sociais e internet dizem que não tem uma receita certa para se criar um viral, mas claro, tem vários especialistas que tentam mostrar algumas fórmulas de sucesso. (Por enquanto, não vamos entrar no debate sobre o significado de especialista, ok, principalmente porque meu filho de 07 anos tem andado mais atualizado que eu nessa área).
como viralizar?
Segundo andei me informando, existem alguns formatos e linguagens que tendem a ser mais compartilhados. Por exemplo, as postagens do tipo: “10 frases que ninguém quer ouvir”; “07 regras para uma viagem feliz”; “15 fotos mais loucas do mundo” por serem organizadas em listas são lidas de modo ágil que facilita a identificação de pontos de interesse. Os testes de pergunta e resposta conhecidos como Quizz também são muito compartilhados, principalmente quando prometem mostrar alguma curiosidade sobre a personalidade de pessoa, com coisas do tipo: “Que super-herói você é”; “Qual sua idade mental?” e tem aqueles que testam conhecimentos específicos como “Você sabe mesmo sobre moda?; e várias brincadeiras do tipo “Você é o pote com sorvete ou o cheio de feijão?”. Postagens de coisas fofinhas, meigas, e visualmente agradáveis, assim como situações de humor, geram virais, mas as notícias que causam indignação parecem ser ainda mais compartilhadas. Em síntese, quando um conteúdo mexe com sentimentos de muitas pessoas ele pode viralizar.
As formas como os conteúdos são compartilhados influenciam o surgimento de um viral. Uma conhecida plataforma de redes sociais (vulgo “facebook”) gera seus indicadores de acesso estabelecendo diferenças entre as formas de divulgação dos conteúdos e publicações. Ela mostra que os conteúdos podem ter diferentes tipos de alcance. Um alcance orgânico do conteúdo é aquele que acontece pelo compartilhamento entre amigos, conhecidos e por grupos pessoas em esferas próximas de socialização e com preferências comuns, seja com posicionamentos contrários ou à favor do que esta sendo publicado. Por exemplo, se você publica uma opinião na sua rede social e essa publicação é compartilhada por seus amigos e amigos dos amigos e amigos dos amigos dos amigos isso seria um alcance orgânico. Mas há também o alcance pago, que é aquele financiado quando você investe uma grana para que sua publicação não fique só na rede de amigos e amigos de amigos. Você paga e a plataforma na qual você fez a publicação impulsiona seu conteúdo para pessoas fora da sua rede.
Já o viral é diferente. Ele pode surgir de um alcance orgânico, pode surgir de um alcance patrocinado, mas o que o diferencia é que ele extrapola as bolhas de amizade que temos, extrapola os limites do território da web, extrapola inclusive as diferenças socioeconômicas, fica na cabeça das pessoas e é comentado e imitado por aí, “contaminando” momentos e encontros.
Por isso, precisamos estar muito atentos à origem desses conteúdos, às mensagens que transmitem e principalmente aos motivos pelos quais compartilhamos. Nem tudo que é veiculado na internet é verdade, nem tudo é bom e certamente NADA é inocente. Um viral pode ser inclusive, um transmissor de vírus de computador ou gerar consequências tristes para as pessoas, como é o caso de virais que promovem violência e automutilação.
Por isso, muito atenção: sempre se pergunte que “vírus foi esse”?
Referências:
Nicolaci-da-Costa, A. M. “O talento jovem, a internet e o mercado de trabalho da “economia criativa””
Infográfico postado por Henrique Carvalho no viverdeblog.com (https://viverdeblog.com/marketing-viral/)
http://tarciziosilva.com.br/blog/posts/
https://www.linkedin.com/in/geisasantos/