Hoje, segui em companhia da Prof. Lícia Beltrão para o Teatro Castro Alves para assistir o espetáculo “Di’versos Corpos e Danças” em celebração dos 30 anos da Escola de Dança da FUNCEB e da semana da Consciência Negra.
Na porta do teatro, aguardamos a chegada dos estudantes de nossas respectivas disciplinas, para entregar-lhes os ingressos.
Ao som do segundo apito tivemos que entrar, pois ameaçavam fechar as portas. “A chuvinha de dia inteiro deve ter dificultado o translado pela cidade. Será que chegaram todos? Ainda restaram tantos ingressos…” Então, com um misto de ansiedade e euforia, entrei e me deparei com a enormidade daquele teatro, já cheio de gente. Apagaram-se as luzes.
Ao abrir a cortina vermelha, tem início uma enorme projeção de imagens de mestres dançarinos. A maioria a mim desconhecidos. De repente, um rosto familiar. Era um estudante de Didática 2, turma de sexta-feira. A contradição: como estudante de Didática 2, estaria quase reprovado por faltas. Como educador, seu rosto figurava em um vídeo-homenagem de um espetáculo com mais de 300 artistas-aprendizes. O estudante já é um mestre. Fiquei pensativa sobre todos esses saberes aprisionados entre as quatro paredes da sala de aula e sobre tantas limitações que nos impedem de acolhê-los e valorizá-los. Até que…
No palco – imenso – os dançarinos agigantavam-se também. Emanavam vitalidade, energia e paixão, num misto de corpos diversos em tamanhos, cores e penteados. Cada apresentação trazia um estilo diferente: dança contemporânea, street dança, silvestre, dança do ventre, dança de salão, sapateado, dança afro – para citar apenas os estilos que me são conhecidos.
Eu, sentadinha, observando tudo lá do alto, me emocionei. Chorei – discretamente – um choro de gratidão. Gratidão por estar ali em uma atividade didática. Toda aquela imensidão era a culminância de um processo didático, instrucional e educativo promovido pela FUNCEB. Eu vi pessoas realizando um desejo, exibindo uma paixão. Eu vi corpos que alguns julgariam que jamais poderiam dançar, mas eles dançavam. Dançavam de um modo como eu gostaria de dançar, como eu poderia dançar. Então, me perguntei, por que não danço? E mais uma vez chorei.
Chorei e repito, esse também era um choro de gratidão. Gratidão aos estudantes que me oportunizaram essas reflexões e questionamentos, uma gratidão tão imensa quanto o palco, tão escancarada quanto a cortina vermelha. Gratidão a essa Turma linda que me deu mais uma oportunidade de aprender.
Minha gratidão, Turma.