São várias as oportunidades em que ouvimos a seguinte frase:

“os professores resistem às tecnologias na escola”

O tempo de convivência com o GEC me fez questionar isso, e é interessante perceber quando situações da vida cotidiana nos mostram que realmente, essa afirmação precisa ser questionada.

Ao ser convidada a participar de um encontro na semana pedagógica do Município de Baixa Grande, Bahia, fui informada de que haveria cerca de 10 participantes na minha oficina cuja foco era discutir Educação e Tecnologias.

Qual não foi minha surpresa quando, ao chegar no laboratório da escola onde ocorreria o encontro, havia 10 computadores e 28 participantes.

Vários professores relataram que os laboratórios em suas escolas de origem estavam desativados, ou simplesmente, não existiam. Mesmo assim, eles estavam lá, interessados naquela discussão que, a principio, parecia tão longe do contexto imediato.

Contudo, com um pouco mais de conversa, comecei a perceber que havia sim, muita curiosidade sobre o tema pois há computadores, celulares e smartfones nas mãos dos alunos, filhos e sobrinhos de cada um daqueles professores.

Isso me fez despertar para um lado da vida docente que geralmente deixamos de lado: ali temos mães, pais, tios e tias, preocupados com o suas famílias e não apenas focados em seus alunos ou suas escolas.  Creio que isso explique um pouco o boom de participantes na minha oficina. Se há um discurso hegemônico que afirma que os professores resistem às TIC, atualmente, há a formação de uma situação social, para além da escola, que empurra esses profissionais a tentar compreendê-las.

Baixa Grande fica localizada a 252 KM de Salvador e a internet é uma curiosidade e ao mesmo uma preocupação.  Como diria Lèvy, a cibercultura é o veneno e o remédio de nossos tempos. Portanto, me deparei com um grupo de pessoas interessadas em compreender esse universo, suas possibilidades e principalmente seus riscos.

Isso me fez pensar que, como formadores de professores, precisamos trabalhar essas dimensões, sem deixar que o medo seja o tônus de interesse dos professores.  E como fazer isso?

Tento construir essa resposta a cada encontro com professores, a cada evento, a cada conversa. Mas penso que é fundamental centrar esforços na compreensão de que as tecnologias em rede tem um forte potencial colaborativo que pode e deve ser usado para se produzir o bem.

O Wiki que produzimos na oficina pode ser encontrada aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *