Três anos atrás, por incentivo do colega pedagogo Jocemar Nascimento, eu tive a oportunidade de participar da 13ª Latinoware – Congresso Latino-Americano de Software Livre e Tecnologias Abertas. Até aquele momento, um encontro que me era totalmente desconhecido.
Contudo, já no primeiro dia, era como se tudo fizesse parte de minha vida a muito tempo! Ali encontrei pessoas de diferentes áreas, de várias regiões brasileiras e de outros países, convergindo em um local magnífico – a Usina de Itaipu – durante quatro dias, para discutir e compartilhar conhecimentos em tecnologias abertas e software livre. Logo percebi que a Latinoware nos abre uma vasta possibilidade de encontros, de conexões, aprendizagens e negócios nos mais diferentes segmentos.
Algumas pessoas vão dizer: ok, mas isso muitos outros eventos também proporcionam. Ahhh, mas a Latinoware é diferente. Pensa um evento de mais de 4000 pessoas no qual você se sente em casa. Pensa em um encontro no qual você se sente cuidada, acolhida e no qual você pode ser quem é. Foi na Latinoware que passei pela minha primeira sabatina Nerd, e fui aprovada! Como ativista do sofware livre mas sem muitos conhecimento especializados, pude aprender muito e contar com a ajuda de pessoas dispostas a ensinar: pessoas interessantes reunidas em torno da partilha de experiências e saberes tecnológicos, uma cultura de doação de tempo de conhecimento que nos abastece a mente e o coração. Foi na Latinoware que me assumi feminista. Foi por causa da Latinoware que pude ver os mestres Jocemar , Cadunico, Débora, Cabelo, Fabs e Thalis Antunes hackeando educação aqui em Salvador.
Diferentes nichos se encontram na Latinoware: pessoas especialistas, curiosas, educadoras, estudantes, empresárias e outras que lidam com gestão pública… são geeks, nerds e hackers, cada uma a seu jeito, tendo em comum o interesse por tecnologias levadas à sério.
Esse cenário diverso é palco de muitas contradições porque nele convivem diferentes orientações políticas e ideólogicas, diferenças sócio-econômicas e culturais que não são apagadas de seus indíviduos, e para isso tudo funcionar, o respeito é a base estabelecida para esse encontro.
Mesmo sendo definida como um encontro de caráter técnico, a Latinoware tem uma importante participação no ecossitema político das tecnologias livres e abertas em nosso país, coerente com sua missão de “Promover o desenvolvimento territorial sustentável por meio da educação, ciência, tecnologia, inovação, cultura e empreendedorismo”, dentro dos princípios éticos de “Respeito; Cooperação; Integração; Solidariedade; Equidade; Transparência; Honestidade; Comprometimento”.
O sentimento de estar entre os nossos, entre pessoas com as quais partilhamos esses princípios, mantém o interesse em estar e investir no Congresso. Nos dois últimos anos, pude promover palestras e oficinas, curti tanto a experiência que as maravilhosas Cataratas do Iguaçu nem entraram na minha programação! Mas não há arrependimento, só agradecimento: que venha a próxima!